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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Dilúvio









Eu já fiz de todas as noites o cobertor para esquecer teus olhos mas as estrelas te retornavam. Já fiz para os emissários do amor as cartas com as sinfonias da terra. Fiz o silêncio obsequioso dos que erraram, e contei a areia do mar como forma de matar o tempo. Agora todas as balsas para atravessar o dilúvio se dispersaram. Nesta madrugada em que já não estais e as palavras se soltaram da fonte de seu sentido

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Se fosse hoje






Se fosse hoje eu desenharia beijos nos  teus olhos, mas assim não foi e não mais será e nem a estrela que sigo com a alma dos pescadores me indica o caminho de volta. E não há como te dizer meu amor agora, porque o passado é uma ponte interrompida pela multidão de horas. Desce um filete de sangue do meu coração quebrado e árduos são os caminhos dos caçadores da estrela, porque se fosse hoje eu desenharia beijos nos teus olhos, como não foi e não mais será

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Rio de Janeiro




Desaba a cidade desventrada 
sobre as águas
Já que as balas e fuzis 
são os acordes dos sonhos

E ela que era o amor
da minha vida
virou uma terra perdida
onde se desfazem 
os homens

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Bares


Este é o navio que me levava a você
não fossem os naufrágios que se ergueram
entre os símbolos e as pontes do tempo
onde os signos da chuva se perderam

Estes eram os bares que nos acolhiam
mas que agora são ícones mortos
como seus vagos personagens
fora dos elementos do dia

domingo, 11 de fevereiro de 2018

O curso de um rio



Este navio não segue o curso
de um rio. 
Enroscado nas redes
que o enredam
não se inventa de outra
forma
E não ousa pensar-se
nem como um veleiro
passageiro.
No descampado mar
que o acolhe, naõ percebe
que é a si mesmo que estorna
ao afogar-se no ocaso
do que é apenas ensaio
mas que pensa ser destino

Queria que soubesses




Queria que soubesses da força do meu amor. 
A religião que criei para amar a ti sobre todas as coisas
Deus diz-me aos ouvidos que é pecado, mas eu
sigo assolado pela tua carne. Nesta noite em que a colheita
das estrelas será feita por nós, vou já liberto por amar-te.
Pois estais na centralidade do mundo, só por seres mulher 
e a humanidade falar em teu ser

Sobre pontes



Se um menino sai de uma palavra
Por que um navio não pode sair
de um destino?
Por que os sonhos não podem sair
de um horizonte?
se nas pontes
interrompidas pela noite
passam tantos e tantos
caminhantes

O que fica do amor



Se há algo que
fica do  amor
e seus escombros
são os vagos
simulacros
que inventamos
Pois o amor
com seu grande
oceano
Não se vai
como um barco
abandonado
retorna
e cobra seu legado
e nos joga sobre o mar
e seus costados

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Poema


São do mar as palavras que chegam
com avisos de grandes estuários
são jangadas de água  que desaguam
na imensidão azul que se alastra

São do mar esses semblantes
já crestados pelo sal das vidas áridas
a cercar com as redes da esperança

as cidades solares de areia

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Tabela periódica


Minha cidade
tem verdes estações de chuva
e a matéria de suas ruas
são girassóis encapsulados
Minha cidade tem 
namoradas morenas
Os seus estádios de futebol
são grandes palcos ensolarados
Os seus elementos de ar
regem-se pela tabela periódica
dos poemas dos sonhadores
da terra
A minha cidade
tem o mar
como o grande
divisor de tudo