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domingo, 31 de março de 2024

Menina solar

 É uma estrela cadente

uma mulher solar

De perto uma menina

vestida só de luar

Assim como as sereias

que regem as águas do mar

Fez ela em meu coração

por não podê-la abarcar

essa dor que não se encerra

sempre a passar sem passar


                       (Poema dedicado a Ana Carolina)


O enredo das águas

      

 

Não sou eu que escrevo o poema

mas este inquieto espírito alado

desgarrado das ânforas do infinito

Aqui, há muito tempo a acompanhar-me

 

Não sou eu que os escrevo

quando o mar bate em mim como costados

e me oferece dos búzios seus enredos

e águas sussurradas

 

Não sou eu que o escrevo

mas este ente sempre inalcançável

que me fala pela alma dos barcos

 

e me concede paisagens

para logo transmutá-las em estiagens

 

 

  

sexta-feira, 29 de março de 2024

Tarrafas

 


 

Quantas palavras pesquei

no indizível

Para viver eu segui

os acenos do mar

e tentei alardear

sua conspiração com o azul

sua sujeição à aurora

e açudes imprevisíveis

Mas para achar a radiância

me fiz valer da poesia

Ela me traz os barcos

que me levam às dunas

do sagrado

 

 

Conselho na praia

 


 

 

 

 

Não aplume a vela das jangadas

deixe os ventos do mar cumprir essa jornada

Pois elas tangenciam e colhem o sal do mundo

e tu só tens os remos das palavras

Portanto não afronte os horizontes

pois eles são a morada das águas

e se esses ventos hoje salgam os dias

amanhã te darão uma enseada

domingo, 24 de março de 2024

Laje branca

A noite arada pelo vento te afaga com seus elementos, mas os teus olhos sobre a laje branca já nao tem o ar cansado dos passantes. Em ti ancoram ínfimos os navios dos teus poemas, mas estás aqui alheio à multidão de signos. Tens por fim somente a companhia de teus versos que nesta madrugada pousam leves como bichos ariscos de outros universos.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Adornos

 

Se a dor não passa

 adorne-se com os poemas

 e a brandura com que

 aquecem

 a imprecisão  cruel 

 do mundo

 Tudo é uma matemática 

 clara

 no chão da poesia

 onde a vida desconhece

 as coisas que não amanhecem