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sexta-feira, 30 de março de 2018

Procuração


          


       

Tenho a procuração dos navios
e o rosto cansado da multidão
Na contramão dos avisos
um anjo da guarda sonolento
se dispersa comigo no vento

           
      
                

quarta-feira, 28 de março de 2018

Inventário do mar






Se no mar eu não acha-la 
esqueçam toda palavra
Meu amor se foi na noite
e sua ausência desmonta
as hastes da madrugada

E as palavras que invento
não servem para encontra-la 
pois são apenas o pranto
do nosso amor desgarrado
largado pelo mundo
como  os veleiros  calados

             
           

             
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segunda-feira, 26 de março de 2018

Veleiros de vento





Se do mar nada voltar
resta a palavra aberta
uma posta onde escrevo
seus grandes enredos de água

Se seu chão não estornar
 os búzios em que me embebo
fica a sinfonia líquida
e as dunas dos seus segredos

Se seu continente azul
não comportar meus poemas
ficam os veleiros de vento
em que velejei seus
momentos

domingo, 25 de março de 2018

Do Mar

São do mar as palavras que chegam
com avisos de grandes estuários
são jangadas de água  que desaguam
na imensidão azul que se alastra

São do mar esses semblantes
já crestados pelo sal das vidas áridas
a cercar com as redes da esperança
as cidades solares de areia

domingo, 18 de março de 2018

Bala perdida


 


                                        

A bala é um ser quase mudo
mas se cumpre num estampido
ferindo seres e falas
e a harmonia do mundo

A bala com seu plano sujo
não faz concessão a nada
resvala  pela madrugada
mas só para abrir uma vala

E a madrugada que a acolhe
que afaga vento e estrelas
não sabe que ela é em si
um erro da natureza

Da natureza do homem
que a produz e consome
que a adestra e a solta
como cachorro sem dono

sexta-feira, 9 de março de 2018

Rio de Janeiro





Desaba a cidade desventrada 
sobre as águas
Já que as balas e fuzis 
são os acordes dos sonhos

E ela que era o amor
da minha vida
virou uma terra perdida
onde se desfazem 
os homens

quinta-feira, 8 de março de 2018

Queria que soubesses






Queria que soubesses da força do meu amor.
A religião que criei para amar a ti sobre todas as coisas
Deus diz-me aos ouvidos que é pecado, mas eu
sigo assolado pela tua carne. Nesta noite em que a colheita
das estrelas será feita por nós, vou já liberto por amar-te.
Pois estais na centralidade do mundo, só por seres mulher
e a humanidade falar em teu ser
Francisco Orban

sábado, 3 de março de 2018

Diante da noite


 



Diante da noite clara
e seus tapumes de estrelas
prossigo pela quarta-feira
entre incertezas e águas

Em minha agenda de bolso
meus caminhos sem retorno

Dentro da noite clara
com seus vaga-lumes errantes
prossigo  como de costume
e a noite me norteia