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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Clara noite




Na clara noite dos barcos       
e de exauridas marinas
eu colho seus desamparos
com as mãos repletas de rimas

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Reis magos


Levavam a mirra
para o que ainda nasceria
com a terra sob os pés
e águas diluvianas próximas
Dentro do corredor da noite
levavam nas mãos
a palha dos anos
o rosto crucificado
de um Deus deposto
Não fosse a ordem
que os fazia caminhar
pelo deserto
seriam outros
Não guardariam em si
as dunas silenciosas
da imensidão

domingo, 23 de dezembro de 2018

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O Poema de areia






Vejo em teu rosto
uma integridade tão bela
que a mim me pergunto
se não o guardarei para sempre
pelas estações da terra

Queria beijar-te
andar junto contigo
correr pelo corredor da noite
E contar-te que fui um menino
de vento
e que já te amava
mesmo antes de amar os navios
já te amava, quando tudo ainda
era o perfume da possibilidade
e a areia do amor
escorria por nossas mãos
nas tardes abertas
pelo sentimento de saber
que o amor estava ao nosso alcance
como os navios,a poesia e os carnavais

Só o que havia


era só o que havia
os adereços falavam
e eu catava o silêncio
das hastes da madrugada

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

NO PAÍS DOS ESTALEIROS

  No País dos estaleiros

                        Editora Kazuá - São Paulo

                                     Editorakazua@gmail.com


               Os poemas deste Blog em sua grande maioria encontram-se no livro de Francisco Orban "No País dos estaleiros", que recebeu Menção Honrosa da União Brasileira de Escritores- 2018 














"Grande poeta do mar e grande poeta lírico, além do mestre do poema curto , bem como da forma originada no romance viejo ibérico, Francisco Orban faz parte do que podemos chamar de vertente lírico elegíaca da poesia brasileira contemporânea.
 ( Alexei Bueno)

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Dezembros

Dezembro se esvai aqui
nas águas e enxurradas
nas ruas eu jogo as tarrafas
nos horizontes sem fim

Embate com o tempo


E tudo é o embate com o tempo
no qual pouco pernoitamos  
como breves comensais
de seus precários outonos

escrita no chão

E tudo tem um começo
até a palavra exata
com que escrevo no chão
o teor da imensidão

Convivência

Convivi muito com o mar
e depois nos apartamos

dos pescadores

O mar é só a invenção
de pescadores incautos
que jogam os anzóis vazios
nos alagados do ocaso

Poema das ruas

E é  bom estar nas ruas
no esteio de uma aventura
e os passos que aqui invento
foram arados no vento

Silêncio do mundo

Ao grande silêncio do mundo
eu contraponho a palavra
e ela sempre me refaz
nos estaleiros da alma

Nação de palavras

Construí uma nação
com a multidão de palavras
mas agora vago incerto
na imensidão do nada

Quanto mar

Quanto de mar nessa palavra
que nos revela  horizontes
quanto caminho a andar
em seus vales e andaimes

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Signos



E com as mãos encharcadas                      
de horizontes distantes
eu sigo como por extinto
a ordem muda dos signos

Se fosse hoje




Se fosse hoje eu beijaria teus olhos, mas assim não foi e não mais será, e nem a estrela que sigo com a alma dos pescadores me indica o caminho de volta. E não há como te dizer "meu amor", porque o amor é uma ponte interrompida pela noite e pela multidão de horas. Desce um grão de mágoa dos nossos olhares desarrumados, e árduos são os caminhos dos caçadores da estrela, porque se fosse hoje eu beijaria teus olhos, mas assim não foi e não mais será...

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Algazarra

Cresci dentro da algazarra
só entre pontes
Impactado pelo amor
e o desamor das palavras
Sem menos que antes
ou cercas de arames
Sereno diante do vento
da noite
a sussurrar-me o universo 
errante

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Mãos crispadas





Nessa cidade extorquida                             
onde o tempo nunca passa
eu trago as mãos crispadas
de suas vidas caladas

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

hastes da madrugada

Apenas acesso o encanto
que traz-me toda palavra
colhendo-as dia após dia 
nas hastes da madrugada

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

de mãos dadas

Teu rosto restou-me dos dias
em que muito nos amamos
pisando com cuidado
os seus precários andaimes

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Barcos ao acaso

Trago no coração
o sonho dos barcos ao acaso
e assim o mar me dispensa 
de sagas e honorários  

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Conselho na noite






Pegue um pedaço da noite
e com ela faça um verso
As cidades nascerão
de dentro das palavras

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Guardar







Todo mundo deveria guardar um poema de amor Principalmente se lhe for endereçado. Mais ainda se o poema guarda as coisas dispersadas pelo nada, os portos onde o amor não achou pouso.As vidas apartadas por tão pouco. Porque o amor é a única enseada que buscamos. E as vezes mal chegamos já partimos

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Pernoite

meus barcos são as palavras
com que pernoito em mim mesmo
até que o dia renasça
dessa noite e seu avesso

visão dos meninos

E ao divagar sem mais chão
resgato a visão dos meninos
que com tão poucos caminhos 
refazem-se com a imensidão

O que dizer?

Agora que os barcos da noite
se desgarraram do cais
o que dizer aos que sonham
no emaranhado da paz 

Para mim

Guardo para mim o silêncio
e faço  dele jangadas
Eu por tão pouco e por nada
guardei das palavras
as almas

Enredo

Os navios me mantêm 
e em seus caminhos me enredo
Só pego as   rédeas da vida
quando navego no incerto

Quebração das horas

Me atenho ao sentido do mundo
sem nunca alcançar sua orla
e remo com as palavras
pela  quebração das horas

Se tudo não se acertar

Se tudo não se acertar
seremos cantores  mudos
mas quem nos alforriará 
de sonhadores no mundo?

Vales e andaimes

Quanto de mar nessa palavra
que nos revela  horizontes
quanto caminho a andar
em seus vales e andaimes

sábado, 25 de agosto de 2018

Arresto

A vida faz sempre  o arresto
das coisas fora de medida
como os telhados dessas tardes
destampados pelos dias

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Barcos da noite



Agora que os barcos da noite
se desgarraram do cais
o que dizer aos que sonham
no emaranhado da paz?


domingo, 29 de julho de 2018

Escambo






Como os veleiros se foram
levando consigo meus sonhos
se já foram um dia o estuário
de minha cota de danos?

Como se foram no vento
levando meus pensamentos
se com os poemas e o mar
eu tinha uma forma de escambo?

terça-feira, 3 de julho de 2018

Tarrafas





Há muito que o mar me trouxe
como pele suas algas
Os ventos batem afoitos
nos cascalhos do meu rosto
Movido por um deus mudo
sigo atento pelas dunas
do areal que ficou
do que um dia foi só água
Há muito que o mar deixou-me
como saga seus navios
e suas escunas brancas
com as tarrafas da esperança
Das coisas do mar e do mundo
eu sou tecelão e causa
catando búzios do mar
como acordes espalhados
neste areal de silêncio
onde estrelas fazem
pausas

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Desígnios

Meu olhar de pescador
desconhece o vento
E sob o desígnio do azul
escrevo um verso
Se estou perto de Deus
não sei ao certo
Aqui os flamingos
desconhecem  o tempo
e planam  sobre o mundo
a céu aberto

Eu voo sob os braços do eterno
em mim tão perto
e obscuro

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Pousada

Pousada

· 

De um barco
se faz leme
Seu verso
é a ventania
mas de um poema
se faz casa
e se mora
nos dias sem pouso
De um poema
faz-se um rosto
e lhe confere-se
harmonia
como o homem
que o faz
perto da luz
e do cais
Como o poeta
o faz
com o caos
de cada hora
Como o poema
se faz
por si só
como uma aurora
De um poema faz-se
noite
E com ele faz-se
um dia

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Mero remador


Quisera eu
que sou um mero remador
no mundo
ter o poder de enfeitiçar
as palavras 
Elas sim, me chegam 
do nada
e se refazem plenas
na palma
de um poema
Não transmuto
as palavras
desato-as
de suas ciladas

segunda-feira, 28 de maio de 2018

O que fica do amor




Se há algo que
fica do  amor
e seus escombros
são os vagos
simulacros
que inventamos
Pois o amor
com seu grande
oceano
Não se vai
como um barco
abandonado
retorna
e cobra seu legado
e nos joga sobre o mar
e seus costados

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Mármore da palavra





No mármore
da  palavra
procuro a sinfonia
que me escapa
como essa noite
finda
da qual só ficou
a casca
onde se gera um poema
que ninguém abarca
Um relâmpago
do qual só se guarda
o espanto

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Sinfonias de vento









Do mar
estes búzios
Onde dentro
o mar ditava
sua sinfonia
de águas
e muitos
ventos
e remos
e remadores
atentos
aos seus
cantos
e ciladas

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Dilúvio










Eu já fiz de todas as noites o cobertor para esquecer teus olhos mas as estrelas te retornavam. Já fiz para os emissários do amor as cartas com as sinfonias da terra. Fiz o silêncio obsequioso dos que erraram, e contei a areia do mar como forma de matar o tempo. Agora todas as balsas para atravessar o dilúvio se dispersaram. Nesta madrugada em que já não estais e as palavras se soltaram da fonte de seu sentido

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Quebração


           



Arrastavam para dentro do mar
as redes com a quebração da aurora
Assim como o mesmo enredo
de suas vidas caladas

No mar que não tem cabelos
nem cercas em suas jornadas
traziam para salgar 
os peixes que o mar deixava

Usando do mesmo sal
de suas vidas largadas






sexta-feira, 30 de março de 2018

Procuração


          


       

Tenho a procuração dos navios
e o rosto cansado da multidão
Na contramão dos avisos
um anjo da guarda sonolento
se dispersa comigo no vento

           
      
                

quarta-feira, 28 de março de 2018

Inventário do mar






Se no mar eu não acha-la 
esqueçam toda palavra
Meu amor se foi na noite
e sua ausência desmonta
as hastes da madrugada

E as palavras que invento
não servem para encontra-la 
pois são apenas o pranto
do nosso amor desgarrado
largado pelo mundo
como  os veleiros  calados

             
           

             
´



segunda-feira, 26 de março de 2018

Veleiros de vento





Se do mar nada voltar
resta a palavra aberta
uma posta onde escrevo
seus grandes enredos de água

Se seu chão não estornar
 os búzios em que me embebo
fica a sinfonia líquida
e as dunas dos seus segredos

Se seu continente azul
não comportar meus poemas
ficam os veleiros de vento
em que velejei seus
momentos

domingo, 25 de março de 2018

Do Mar

São do mar as palavras que chegam
com avisos de grandes estuários
são jangadas de água  que desaguam
na imensidão azul que se alastra

São do mar esses semblantes
já crestados pelo sal das vidas áridas
a cercar com as redes da esperança
as cidades solares de areia

domingo, 18 de março de 2018

Bala perdida


 


                                        

A bala é um ser quase mudo
mas se cumpre num estampido
ferindo seres e falas
e a harmonia do mundo

A bala com seu plano sujo
não faz concessão a nada
resvala  pela madrugada
mas só para abrir uma vala

E a madrugada que a acolhe
que afaga vento e estrelas
não sabe que ela é em si
um erro da natureza

Da natureza do homem
que a produz e consome
que a adestra e a solta
como cachorro sem dono

sexta-feira, 9 de março de 2018

Rio de Janeiro





Desaba a cidade desventrada 
sobre as águas
Já que as balas e fuzis 
são os acordes dos sonhos

E ela que era o amor
da minha vida
virou uma terra perdida
onde se desfazem 
os homens

quinta-feira, 8 de março de 2018

Queria que soubesses






Queria que soubesses da força do meu amor.
A religião que criei para amar a ti sobre todas as coisas
Deus diz-me aos ouvidos que é pecado, mas eu
sigo assolado pela tua carne. Nesta noite em que a colheita
das estrelas será feita por nós, vou já liberto por amar-te.
Pois estais na centralidade do mundo, só por seres mulher
e a humanidade falar em teu ser
Francisco Orban

sábado, 3 de março de 2018

Diante da noite


 



Diante da noite clara
e seus tapumes de estrelas
prossigo pela quarta-feira
entre incertezas e águas

Em minha agenda de bolso
meus caminhos sem retorno

Dentro da noite clara
com seus vaga-lumes errantes
prossigo  como de costume
e a noite me norteia

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Dilúvio









Eu já fiz de todas as noites o cobertor para esquecer teus olhos mas as estrelas te retornavam. Já fiz para os emissários do amor as cartas com as sinfonias da terra. Fiz o silêncio obsequioso dos que erraram, e contei a areia do mar como forma de matar o tempo. Agora todas as balsas para atravessar o dilúvio se dispersaram. Nesta madrugada em que já não estais e as palavras se soltaram da fonte de seu sentido

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Se fosse hoje






Se fosse hoje eu desenharia beijos nos  teus olhos, mas assim não foi e não mais será e nem a estrela que sigo com a alma dos pescadores me indica o caminho de volta. E não há como te dizer meu amor agora, porque o passado é uma ponte interrompida pela multidão de horas. Desce um filete de sangue do meu coração quebrado e árduos são os caminhos dos caçadores da estrela, porque se fosse hoje eu desenharia beijos nos teus olhos, como não foi e não mais será

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Rio de Janeiro




Desaba a cidade desventrada 
sobre as águas
Já que as balas e fuzis 
são os acordes dos sonhos

E ela que era o amor
da minha vida
virou uma terra perdida
onde se desfazem 
os homens

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Bares


Este é o navio que me levava a você
não fossem os naufrágios que se ergueram
entre os símbolos e as pontes do tempo
onde os signos da chuva se perderam

Estes eram os bares que nos acolhiam
mas que agora são ícones mortos
como seus vagos personagens
fora dos elementos do dia