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sábado, 1 de abril de 2023

Alfabeto dos bares

Este alfabeto não me fala

de seus signos esquecidos

Dele só resgato

a vaga geografia dos bares

inacabados

Sua escrita não se refaz

assim como a dos livros náufragos

e de seu texto só decifro

o ocaso de um sonho extinto

a não me permitir conjugar seus verbos

a me manter no exílio

do sentido de seus versos


Madrugada adentro

 Estávamos estressados

 pelo acasos do tempo

descendo o rio das horas

pelas madrugadas adentro


Em busca de um país

ao qual nunca logramos

constituído de águas

e das cercanias dos sonhos


Com nossas canoas refeitas

com a palha dos versos mudos

e as mãos nas redeas do incerto

onde vislumbramos oceanos

O Alfabeto das águas

      

               Não sou eu  que escrevo o poema

               mas este inquieto espírito alado

               desgarrado das ánforas do infinito

               aqui há muito tempo a acompanhar-me


                Não sou eu que o escrevo

                quando o mar bate em mim com seus costados

                e me oferece dos buzios seus enredos

                e águas sussurradas


                 Não sou eu que o escrevo

                 mas este ente sempre inalcançável

                 que me fala pela alma dos barcos

                 e me concede paisagens

                 para logo transmutá-las em estiagens 




Remo e harpa

Se para ti palavras são veleiros

então elas te darão retorno

Com elas poderás remar

pelas grandes dunas do invisível


Se cada palavra for também

remo e harpa

terás então as tarrafas

para pescar a encantação