Não sou eu que escrevo o poema
mas este inquieto espírito alado
desgarrado das ánforas do infinito
aqui há muito tempo a acompanhar-me
Não sou eu que o escrevo
quando o mar bate em mim com seus costados
e me oferece dos buzios seus enredos
e águas sussurradas
Não sou eu que o escrevo
mas este ente sempre inalcançável
que me fala pela alma dos barcos
e me concede paisagens
para logo transmutá-las em estiagens
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