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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Conselho na praia

 Não aplume a vela das jangadas

deixe os ventos do mar cumprir esta jornada

Pois elas tangenciam e colhem o sal do mundo

e tu só tens os remos das palavras

portanto não afronte os horizontes

pois eles são a morada das águas

e se esses ventos hoje salgam os dias

amanhã te darão uma enseada


 ( Do livro "Paiol das águas", Prêmio Marcos

Vinícios Quiroga, Primeiro lugar no Concurso Interna-

cional de Literatura UBE RJ 2022). 

domingo, 25 de dezembro de 2022

Bala Perdida

 A bala é um ser quase mudo 

que se cumpre em um estampido

ferindo seres e falas

e a harmonia do mundo


A bala com seu plano sujo

não faz concessão a nada

resvala pela madrugada

mas só para abrir uma vala


E a madrugada que a acolhe

que afaga vento e estrela

não sabe que ela é em si

um erro da natureza 


Da natureza do homem

que a produz e consome

que a adestra e a solta

como cachorro sem dono


domingo, 18 de dezembro de 2022

Ana Carolina

 As cidades se abriram diante

do teu abandono     

E as ruas em que te procurei

te acolheram para mim

Só em pensamentos te percorri

E só entre acácias

avancei sob as estrelas em ti 

 Se não foi realidade

- esta dama fugaz e arteira-

melhor assim

Porque assim em pensamentos

tive-te sempre

e assim em pensamentos

me escolheste e te escolhi


sábado, 8 de outubro de 2022

Incumbência

  Incumbir-se do mar foi tarefa maior que meu sonho. Nisto me enganei mas a sombra luminosa de um poema me leva Nas suas dunas eu cresço, pois sei dos  endereços ruas e vilas onde as palavras me cercam. Sou do mar e emigrante de suas metáforas incertas. Nas costas das palavras esculpo a senha dos habitantes dos sonhos. Agora talho na matéria da noite o que restou do mundo errante. 




             Do livro "Terraço das estações" de Francisco Orban

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Branquinha

Não que fosse do mar 

a tez da tua pele

Os mapas para te achar

perderam-se pelas

estradas 

não as reais encontradas

nem nas quais velejam

as almas

O mapa para te achar

perdeu-se nessas ruelas

na argila do teu silencio

distinto do oceano

e tudo que vivemos









....



segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Para uma ativista

Queria que soubesses da força do meu amor.A
religião que criei para te amar sobre todas as coisas.
Deus diz que é pecado, mas eu sigo assolado pela
tua carne.Nesta noite em que a colheita das estrelas
será feita por nós, vou já liberto por amar-te. Pois estás 
na centralidade do mundo, só por seres mulher, e a
 humanidade falar em teu ser  

Veleiros calados

 As palavras que invento

não servem para encontrá-la

pois são somente as jangadas

do nosso amor desgarrado

largadas pelo mundo

como veleiros calados

domingo, 21 de agosto de 2022

Redes

 

Estes navios não seguem

o curso de um rio

Enroscados nas redes que os enredam

não ousam sequer pensar-se

como veleiros passageiros

No descampado do que seria o mar

não se dão conta que é a si mesmos que retornam

ao velejar pelo acaso

do que pensam ser ensaio

mas que já é destino

sábado, 6 de agosto de 2022

claridade

 Os poemas são pássaros

de claridade
que carregamos
nos bolsos da alma

Pernoite

 





Guardo para mim o silêncio

e as vezes pernoito 

em suas águas

Eu por tão pouco e por nada

guardei das palavras

as almas

Mero remador



Quisera eu
que sou um mero remador
Ter o poder de enfeitiçar 
as palavras

Elas sim me chegam do nada
e se refazem plenas
na palma do poema

Não refaço as palavras
desato-as de suas ciladas


Comensal das águas

 




Então foi do mar que me veio as palavras 
e eu que era um menino de vento
a seguir  barcos e enseadas. 
tornei-me um  comensal das águas

sábado, 23 de julho de 2022

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Alma adentro

 Este território não tem chão

 são pontes noturnas

 atravessadas nas junções 

 dos ossos 

 onde a poesia

 depois de triturar 

 a carne

 persegue seus seguidores

 pela alma adentro   

 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Incumbência

 Incumbir-se do mar foi tarefa maior que meu sonho. Nisto falhei mas a sombra luminosa de um poema me supre. Nas suas dunas 

eu cresço pois sei dos  endereços ruas e vilas onde as palavras me cercam. Sou do mar e emigrante de suas metáforas incertas.

Nas costas das palavras esculpo a senha dos habitantes da noite. Agora quebro com os ossos da matéria o que restou do mundo errante.

A lua próxima do teu rosto te espreita. Teus seios apontados para o meu delírio me afagam. 



             Do livro "Terraço das estações" de Francisco Orban