Mar adentro
Como procuração trouxe o mar
para as grandes estiagens
que viriam
e por isso para sonhar
tenho barcos, enseadas
as tardes abrasantes
desses dias
Como procuração tenho o mar
que me segue à minha revelia
Mar adentro
Como procuração trouxe o mar
para as grandes estiagens
que viriam
e por isso para sonhar
tenho barcos, enseadas
as tardes abrasantes
desses dias
Como procuração tenho o mar
que me segue à minha revelia
Meus silêncios me carregam
como os ventos levam as jangadas
que às vezes chegam ao destino
e às vezes a quase nada
E como todo silêncio
que oferece jornadas
também neles faço abrigo
e permanente morada
Não aplume as velas das jangadas
deixe o vento do mar cumprir esta jornada
Pois elas tangenciam e colhem o sal do mundo
e tu só tens os remos das palavras
Portanto não afronte os horizontes
pois eles são a morada das águas
e se esses vento hoje salgam os dias
amanhã te darão uma enseada
Eu pisava no firmamento e chovia
Alegorias de cães quebravam a ordem do dia
Os chumaços dos avisos que eu derramei
pelo tempo, passaram a me nomear
sem me dar conta, sem acatar contas
Nobre é esta relva em que me deito
na contramão do azul. No leito
dos últimos dias.
Foi quase uma intenção
sacrificar os pássaros
Traziam com as redes
os peixes e a quebração da aurora
e este era sempre o enredo
de suas vidas caladas
No mar que não tem cabelo
nem cercas em suas jornadas
traziam para salgar
o que o mar ofertava
Usando na salgação
suas vidas já salgadas
Já não são prédios, mas tendas de cimento
Nos condomínios falsas alforrias
Acordo em um grande país
sitiado à luz do dia
À noite os insultos arrefecem/
Os elevadores rangem submissos/
Gemidos renascem/
Não há salvação possível/
Nenhuma intenção
de fuga/
Ao longe a exaustão do mar
Cuido da tua versão diante de mim
mas estás tão perto, a tua boca. A tarde
molhada de frágeis fantasias errantes.
Álcool, tango, militancia civil desenga-
nada. Por mim tu ficavas nesta cama
aclimatada,para este jeito de estrangeira
aconchegada, E no mais teu seio de
passageira do meu amor