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domingo, 31 de março de 2024

O enredo das águas

      

 

Não sou eu que escrevo o poema

mas este inquieto espírito alado

desgarrado das ânforas do infinito

Aqui, há muito tempo a acompanhar-me

 

Não sou eu que os escrevo

quando o mar bate em mim como costados

e me oferece dos búzios seus enredos

e águas sussurradas

 

Não sou eu que o escrevo

mas este ente sempre inalcançável

que me fala pela alma dos barcos

 

e me concede paisagens

para logo transmutá-las em estiagens

 

 

  

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