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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Arestas

 

É da minha profissão

rastrear as estrelas

colher os dias

Aparar as arestas

do que não é alegria

E prosseguir com

as palavras

que me seguem

à minha revelia

Tempo de água

 

Eu fiz o caminho inverso da chuva

quando as dunas do tempo 

acirraram-se

Meus passos eram dados no vento

que comigo dialogava insanamente

Nascemos nesse tempo de água

onde as noites nos

abordavam

a nos inquirir sob as estrelas

e nos fazer sobreviver de poesia

Só assim fomos  plenos

quando a amor foi nosso pão

de cada dia

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Velha roupa de madrugadas

 

Se os veleiros 

não nos seguirem mais 

pelo mundo

outras palavras nomearão

as coisas

Uma velha roupa de madrugadas

não terá mais sentido

e os vínculos com os sonhos

estará desfeito


Mas o que impediria os veleiros

de permanecer tão janeiros

em sua vigília de brancas velas

no mar amarrotado de ventos


           Do livro de Francisco Orban, Recomendações aos sonhadores, (Ed 7Letras)

terça-feira, 21 de maio de 2024

Há quem diga

 








Há quem diga que o nosso amor foi como o mar
com infinitos horizontes onde nos deitávamos
cingidos por sua fala salina
com marinas em torno de tudo
que nos dizia respeito

Há quem diga
que foi o mar que nos gerou
quando pisávamos incautos
os seus tornozelos de água


Há quem diga que foi com o mar
que aprendemos a nos afagar
e  a entoar com suas canções
de roda
a oração que nos
fez navegantes

Há quem diga que foi o mar
o nosso mensageiro

E todos os poemas são traduções
de suas águas e  veleiros

domingo, 19 de maio de 2024

Quase uma intenção

 


 


 

Eu pisava no firmamento e chovia

Alegorias de cães quebravam a ordem do dia

Os chumaços dos avisos/que eu derramei pelo tempo

passaram a me nomear. Sem me dar conta. Sem acatar contas

Nobre é esta relva em que me deito na contramão do azul.

No leito dos últimos dias. Foi quase uma intenção sacrificar

os pássaros