É da minha profissão
rastrear as estrelas
colher os dias
Aparar as arestas
do que não é alegria
E prosseguir com
as palavras
que me seguem
à minha revelia
É da minha profissão
rastrear as estrelas
colher os dias
Aparar as arestas
do que não é alegria
E prosseguir com
as palavras
que me seguem
à minha revelia
Eu fiz o
caminho inverso da chuva
quando as dunas do tempo
acirraram-se
Meus passos eram dados no vento
que comigo dialogava insanamente
Nascemos nesse tempo de água
onde as
noites nos
abordavam
a nos
inquirir sob as estrelas
e nos fazer
sobreviver de poesia
Só assim fomos plenos
quando a
amor foi nosso pão
de cada dia
Se os veleiros
não nos seguirem mais
pelo mundo
outras palavras nomearão
as coisas
Uma velha roupa de madrugadas
não terá mais sentido
e os vínculos com os sonhos
estará desfeito
Mas o que impediria os veleiros
de permanecer tão janeiros
em sua vigília de brancas velas
no mar amarrotado de ventos
Do livro de Francisco Orban, Recomendações aos sonhadores, (Ed 7Letras)
Eu pisava no firmamento e chovia
Alegorias de cães quebravam a ordem do dia
Os chumaços dos avisos/que eu derramei pelo tempo
passaram a me nomear. Sem me dar conta. Sem acatar contas
Nobre é esta relva em que me deito na contramão do azul.
No leito dos últimos dias. Foi quase uma intenção sacrificar
os pássaros