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domingo, 29 de setembro de 2024

ínfimos

 A noite arada pelo vento te afaga com seus elementos, mas teu semblante sobre a laje distante, já nao tem o ar cansado dos passantes. Em ti ancoram ínfimos os navios dos teus poemas, mas estás aqui alheio à multidão de signos. Tens por fim somente a companhia de teus versos que nesta madrugada pousam leves como bichos ariscos de outros universos.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Elisabeth

 Por que o amor tem

 tantas palavras

quando deveria ser 

só um rio

Por que tantos

tratados

se eu só queria

o incêndio docê

dos teus 

braços


Extinção

 




A extinção não dispensa os navios,
que nesses mares habitam com os homens.
em seus caminhos  adernados,  sob conveses
e danos. O corpo de um navio
quando morre é triste, porque já não navega com seu sonho. Mas mesmo com seu tombadilho quebrado, persiste sua alma náufraga no assoalho do nada velejando.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

O poema sem retorno

 


 

Os usuários de poemas e estrelas

precisam saber

que um emigrante deportado do luar

não tem retorno

Quanto de mim ficará em você meu amor

depois que o oceano da tarde desabar?

depois que as mordidas exatas

que te darei no teu corpo

se tornarem tatuagens

errantes

Não há razão para o luto meu amor

depois que terminarmos todas

as festas da carne

Eu mostrarei a marca dos

teus beijos nos bares

e farei para ti os mais

belos poemas do mundo

sem mais me curar do estado de

comunhão para onde por momentos

me levaste

 

 

 

domingo, 22 de setembro de 2024

Poema de barro

 





Noite dos dizeres
derramados
Sob o luar
uma sinfonia
Frágeis as mãos
talham o barro
da vida que seria
E assim este
faz-se verso
no corpo do poema
até tornar-se pássaro
e ir-se na ventania
Então pensa o homem
que é ave
o barro
de sua poesia

                 Do livro "No País dos estaleiros" de Francisco Orban

                              ( Blog)   franciscoorban.blogspot.com

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Veleiros de vento

 Se os veleiros

não nos seguirem
mais pelo mundo,
outras palavras
nomearão as coisas,
uma velha roupa de madrugadas
não terá mais sentido
e o vínculo com os sonhos
estará desfeito.

Mas o que impediria
os veleiros
de permanecer tão janeiros
em sua vigília de brancas
velas
no mar amarrotados de ventos?