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domingo, 15 de dezembro de 2024

Insone

 


 

A mulher que acorda os pescadores/

Levanta-se cedo para fertilizar o mundo

Levanta-se suada e linda/Antes do nascer do sol

Com as palavras que a saciam/ já entranhadas

na carne/ mas que desconhecem sua alma de menina.

A mulher que acorda os pescadores/finge não saber

o que os poetas sabem

Linguagem dos versos

 


                            

 

Hasteio a linguagem dos versos nesta noite

 sem  palavras. Longe de ti mas

a navegar pela poesia . Tudo que ela

 me deu é muito mais que eu merecia.

Ouro, prata, terras, gado. Podem fazer o arresto

Mas não me tirem a poesia, que me

segue à minha revelia

Adornos

 Se a dor não passa

 adorne-se com os poemas

 e o sol com que

 aquecem

 a imprecisão   

 do mundo

 Tudo é uma matemática 

 clara

 no chão da poesia

 onde a vida desconhece

 as coisas que não amanhecem

sábado, 14 de dezembro de 2024

SONETO

 


 

 

  Busco no coração da poesia  

  Uma palavra mais que  etérea

  Que já me devolva as esquinas

  Ao me apaziguar com toda rima

 

  Busco nesta palavra assombrada

  O escopo de seu chão e madrugada

  Para então seguir como poeta 

  Já não mais em terras assoladas 

 

   Que o encontro com as leis das águas

   Seja belo nesta busca finda

   Onde cada palavra que  me escapa

 

  Volte a mim já não mais silenciada   

  Para que no coração que a enlaça

  Faça em suas estiagens nascer vinhas

  

 

 

 

 

 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Plano Oculto

 Cada pessoa guardará

desta noite
Um bilhete com a música
de um realejo
Mas nada se sabe
se o bilhete é a senha
de um sonho
ou se esta noite
é o grande estuário
de um plano oculto
a que chamamos
Mundo

Face Secreta

 Lido com a face secreta do mar

Aqui as pedras secam sob o outono
A sombra de um poema fica
como saga de navegações
A cerração do verão sobre as certezas
A pele da aventura
sobre  o corpo
da noite

Lido com o hálito
de uma estrela
e seu sentido
a iluminar
meu rosto

Há quem diga

 





Há quem diga que o nosso amor foi como o mar
com infinitos horizontes onde nos deitávamos
cingidos por sua fala salina
com marinas em torno de tudo
que nos dizia respeito

Há quem diga
que foi o mar que nos gerou
quando pisávamos incautos
os seus tornozelos de água


Há quem diga que foi com o mar
que aprendemos a nos afagar
e  a entoar com suas canções
de roda
a oração que nos
fez navegantes

Há quem diga que foi o mar
o nosso mensageiro

E todos os poemas são traduções
de suas águas e  veleiros

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Horizontes

 

Horizontes



Eu estava só
e as plantas cresciam
sob o alísio
Eu namorava a alma
das estrelas vagas
sob a febre da noite
e das águas

Eu estava só
e tudo assim estava
comigo
assistindo a grande queda
do horizonte
sobre a claridade
das calçadas

sábado, 7 de dezembro de 2024

Breve escultor


Por ser um sonhador
quebrei o rio das falas
onde tudo se dizia

envolvi-me com o grande
país do nada
onde o mar das horas
navegava

Imputei à noite
as normas de outra pátria
a poesia como saber sinfônico
Fui um breve escultor
do mundo
imbuído de solidões
gráficas

argüi silêncios
para, a sós com as palavras,

       profaná-las 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O Poema de Amor

 Muitos poetas te amaram

mas eu te amei muito mais

porque estavas
no coração selvagem das estações
do mundo
e as amarras que nos apartavam
sob o teu olhar desatavam-se
e tudo era o nascimento
da encantação

Muitos outros te amaram
mas eu te amei com meu amor sereno
e pousei uma flor
na palma da tua mão
E plantei um beijo no teu sorriso
e tu cobriste de doçura com os teus gemidos
o que era o início do mundo

Muitos te amaram
mas só eu segui contigo o caminho das águas
quando meu amor louco ressoava
e fazia debandar os navios


 Sol das esperanças
mar dos horizontes amarrotados de barcos
Aqui estou assolado pelas multidões de dias
e dos caminhos que encontrei pelo mundo

Ouça meu amor este poema
agora que o crepúsculo nos assedia
aceno para ti como sempre acenei