em nosso rosto se talha
em nosso rosto se talha
Todos os dias acordamos sitiados
Sabemos que lá fora fica o mar
e seu país
azul.
Sabemos que as ilhas fazem
parte
desse continente ocupado.
E que nossas vidas e outras
oscilam entre os dias serenos
e o abate
E quanto ao mais
nada sabemos
Não poderia fazer teu retrato
Porque teus olhos tristes
não caberiam na moldura. Teus olhos
inundam o mundo. Transbordam da tua alma
de menina errante, destas pequenas cidades
onde as adolescentes minguam e pode-se ver
as estrelas. Teus olhos te desnudam
em plena luz do dia.
No fugazes caminhos
do mundo
me deste um sorriso.
E eu o ensaio em mim
sempre que em mim apareces
E agora aqui sem você
longe da sua companhia
conjugo o verbo amanhecer
Sempre que em mim
amanheces
Uma revoada de pássaros pode
mudar o horizonte
Uma palavra pode mudar o mundo.
Pássaros ao acaso podem mudar
um destino
se coubéssemos em algum
destino
Evitaríamos assim existir com a ilusão
da qual não comunga os
pássaros, de que
cumprimos destinos
Quebro a máquina de janeiro
no coração mudo da matéria
pisando estrelas e vísceras abertas
Sigo sem destino fingindo ter destino
com a alma talhada por pedras
Mas a sombra de um menino me acompanha
diz-me ser eu mesmo antes de mim
Digo-lhe da morte das baleias e ele ri
Acendemos incensos pela noite