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segunda-feira, 19 de maio de 2025

O Alfabeto das águas


Não sou eu que escrevo o poema 
 mas este inquieto espírito alado 
 desgarrado das ânforas do infinito 
Aqui, há muito tempo a acompanhar-me 
 Não sou eu que os escrevo quando o mar bate 
em mim como costados e me oferece dos búzios 
seus enredos e águas sussurradas 
Não sou eu que o escrevo mas este ente 
sempre inalcançável 
 que me fala pela alma dos barcos 
 e me concede paisagens para logo 
transmutá-las em estiagens

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