( Lição Severina)
A bala é um ser quase mudo
mas se cumpre num estampido
ferindo seres e falas
e a harmonia do ouvido
A bala com seu plano sujo
não faz concessão a nada
resvala pela madrugada
mas só para abrir uma vala
E a madrugada que a acolhe
que afaga vento e estrelas
não sabe que ela é em si
um erro da natureza
Da natureza do homem
que a produz e consome
que a adestra e a solta
como cachorro sem dono
No equilíbrio do mundo
a bala é uma estrangeira
pois ela não tem o cheiro
e a algazarra das feiras
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