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sábado, 19 de março de 2011

PAÍS FEITO DE ACHADOS

       Texto Francisco Orban

         Acordei com uma palavra vinda de um rio. Era o início do conto que  escreveria, não fossem tantos outros que se revezavam. Trouxe este conto para a linha de frente, afastando imagens e vernáculos. Agora, posso escrevê-lo, mas antes o mapeio com um barco, pois temo no percurso achá-lo raso, para os longos pensamentos que abraço. Munido de uma tarrafa, jogo-a nos olhos das palavras, em águas já não claras, onde a poesia e as metáforas circundam inocentes minha mente. Agora, face a face com seu teor, me emociono com seus horizontes de esquecimento, seus corredores de vento, onde somos arremessados em suas margens. Depois enveredo por um labirinto onde os deuses vedam a passagem. Lá estou dentro do conto, no âmago de cada sentido. Cada palavra surpreendida revela uma nova vida, cujo canto pode embriagar-nos e para sempre prender-nos em um país feito de achados.

Do livro de Francisco Orban, Leilão de acasos, lançado no dia 5 de maio de 2011, no Museu da República





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