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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Escultor de palavras



Nunca mais voltei à infância
e sua comunhão com as águas
onde me plantava para ouvir
o ventre da madrugada

Guardei as mãos de meu pai
que me levavam aos circos
Depois não mais as achei
nem os circos que faziam
me sentir menino e rei

A vida é rio sem hora
com seus ventos e estrelas
mas sempre levamos dela
o que dela não desbota 

A vida é uma cadeia
da qual só se sai sem volta
mas sempre guardamos dela
o que dela incendeia

Saí do destino do tempo
como um menino de vento
mas o sentido do tempo
não me foi dado por horas
pois  seu absinto lento
só me chegou muito tarde
quando  já não pisava o chão
mas as terras da poesia
com sua música e pão

Viver  me fez me cumprir
pois fui escultor de palavras
Da infância trouxe o visgo
e a levo  para toda parte
em minha memória de circos

Assim como as mãos de meu pai
que  alfaiate de almas
que me deu um terno cinza
com  mangas de madrugadas
mais  Carlitos que bom moço
mais menino que senhor
mais sonhador que doutor

E esse terno me cabe
e com ele ganho estradas
que não são feitas de pedras
mas da voragem de asas



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