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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Transes




Por muito menos guardei o mar. Com as juntas dos ossos, refiz-me pouco a pouco das palavras de ordem de uma canção antiga que falava do esperar. Não sobrou muito depois. Uma vez despojado desses versos, descobri que a encantação me alimentava. Entre as hordas de um  país feito de  noite,  a encantação fora o único guia prático para as coisas cotidianas.  Hoje, irmanados nesse ônibus parador, que caminha sem nenhum mapa por um país chamado mundo, penso nesse roteiro vagabundo do qual não guardei cópia, enquanto lá fora, um horizonte de águas cerca as últimas cidades. As mesmas  em que um dia fomos invencíveis, quando  portávamos em nós a magia dos que se alimentam de transes, qual uma manada de sonhadores, em desarmonia com seu rebanho.

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