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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Janeiros

Que seja janeiro
de onde emergem as palavras
içadas dos parapeitos
dos dias que aqui me chegam
e se erguem para nada

Que seja janeiro
a foz do primeiro beijo
e também deste copo
a espantar-me de mim mesmo

E que de janeiro voltem
os comboios da infância
com seus navios perdidos
no dorso dos horizontes

E que assim janeiro nos deixe
sem as respostas procuradas a esmo
só encontradas nos teus olhos janeiros
e nesta enseada a que chamo de teu corpo

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