Não foi o homem cego
que atravessou a noite
com as mensagens oceânicas
que ficaram por ser ditas
Não foi o topo da ilha
de onde se jogaram no tumulto
das águas
Vidraceiro de mãos cortadas
menino ambulante com mãos
de amendoim não vendido
Vendedor de cocada expulso
do seu pequeno reino
Moça atirada do trem
homem sonhador morto
Estatístico cansado de toda
estatística
Para onde iremos
depois de tudo
Perambulantes da cidade
entre multidões sedadas
Com os anos da inocência esquecidos
com os andaimes das horas esgotando-se
Senhor convidado para o jantar
mulher culta do olhar desolado
Para onde iremos
sem as palavras
do altar das ruas?
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