Total de visualizações de página

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Precário destino

 Há muito que o mar me trouxe

 como pele suas algas

Os ventos batem afoitos

nos cascalhos do meu rosto

Movido por um Deus mudo

sigo atento pelas dunas

do areal que ficou

do que um dia foi só água

Há muito que o mar me deixou

como saga seus navios

e suas escunas brancas

com as tarrafas da esperança

Das coisas do mar e do mundo

eu sou tecelão e causa

fazendo com as palavras

o que os homens fazem aos hinos

Seguindo suas calçadas

perscrutando seus caminhos

dou um sentido maior

ao meu precário destino

catando búzios do mar

como acordes espalhados

neste areal de silêncio

onde estrelas fazem

pausas


(Do livro "Terraço das estações"

                                    de Francisco Orban)


Nenhum comentário:

Postar um comentário