Incubir-me do mar foi tarefa maior que meu sonho
Nisto falhei e um desastre me acompanha pela vida.
A sombra luminosa de um poema me recupera.
Nas suas dunas eu cresço, pois conheço seus endereços
ruas e vilas, onde as palavras me levam. Sou do mar e também
habitante das náufragas paisagens. Nas costas das palavras
esculpo a senha dos habitantes da noite. Agora quebro
os ossso da matéria e o que ficou do mundo.
Deito-me sobre a palha dos poemas emigrados
das metáforas incertas. A lua próxima ao teu rosto
te espreita. Teus seios apontados para o meu delírio
me afagam. Sou o sonâmbulo retornado ao dia
(Do livro "Terraço das estações"
de Francisco Orban )
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