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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O Alfabeto das águas

 

Não sou eu que escrevo o poema

mas este inquieto espírito alado

desgarrado das ânforas do infinito

Aqui, há muito tempo a acompanhar-me

 

Não sou eu que os escrevo

quando o mar bate em mim como costados

e me oferece dos búzios seus enredos

e águas sussurradas

 

Não sou eu que o escrevo

mas este ente sempre inalcançável

que me fala pela alma dos barcos

 

e me concede paisagens

para logo transmutá-las em estiagens


Do livro de Francisco Orbam, Paiol das águas

                                      (Ed 7Letras)

 

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