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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

O Poema de areia

Vejo em teu rosto

uma integridade tão bela

que a mim me pergunto

se não o guardarei para sempre

pelas estações da terra


Queria beijar-te

andar junto contigo

correr pelo corredor da noite

e contar-te que fui um menino

de vento

e que já te amava

mesmo antes de amar os navios

já te amava, quando tudo ainda

era o perfume da possibilidade

e a areia do amor

escorria por nossas mãos

nas tardes abertas

pelo sentimento de saber

que o amor estava ao nosso alcance

como os navios a poesia e os carnavais


O que aconteceu

me pergunto?

E mudo sigo pela cidade

com a foto do teu rosto

no coração,

Um tempo sem fim

ainda falta

para viver sem saber

o que a febre do nosso amor

nos traria

com sua leveza

seu estado de comunhão

e alegria

Pergunto agora aos veleiros

por que te aceno em vão pelo mundo

e por que a mim couberam as mãos

dos que esperaram tudo?

e novamente me vejo

diante de teu rosto

de uma integridade tão bela

que meu amor te seguirá para sempre

pelas estações da terra

como um dia, a mim seguiram

os navios a poesia e os carnavais


     Do livro "Recomendações aos sonhadores"

                          de Francisco Orban





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